sexta-feira, 18 de dezembro de 2009



Acho que de tanto fazer ‘balanços’ de final de ano, desaprendi a desejar ‘Feliz Natal’ como todo mundo.Minha estante tá uma loucura!A bagunça que qualquer mudança trás é desanimadora às vezes.

É incrível o que o tempo é capaz de fazer. Anos de ausência nessa casa foram suficientes para arrancar qualquer coisa que me lembrasse que um dia morei aqui.
Atrás da porta do quarto, sobrevivera um poema de Damário Dacruz...Nada mais parecia ter sobrado de mim.Num cantinho da parede branca, li uma frase escrita em caneta azul, “ – O que atrapalha uma boa amizade é a hipocresia e a falta de cutura
Meu Deus, não sei quantos anos meu filho tinha quando assassinou o português daquela forma, mas tenho que admirar sua percepção.
Bendito aquele acidente que ironicamente salvou minha vida, nunca havia ganhado tantos livros...E tive mesmo muito tempo para ler um pouco de tudo, até mesmo sobre a cultura judaica.
No início achei que fosse ficar feliz, mas foi terrível relembrar que na adolescência quase fui obrigada a ‘perpetuar a espécie’, a entender as antonímias judaicas.Tinha que ler aqueles noticiários sobre Israel, bombas, terroristas, movimentos radicais do Jidah islâmicos, acordos de paz.
Porque tinha que saber sobre o que era Alyah, chanukah, galut, muro das lamentações, sinagogas, hassidim(pronuncia-se ‘hai-si-dem),Shabbat, Hamas...Porque tinha que não gostar de Árabes, saber um pouco de hebraico... Pois bem, tudo aquilo para mim era meio ‘schonoring’(chato!)
Minha avó era meio terrorista.Um dia sentou-se ao meu lado para me explicar o que era “coordenador de demonstrações” e eu fiquei aliviada, não seria enfim, mais uma história sobre gerra, deveria ser algo relacionado a educação, já que essa era a ocupação dela.Para minha surpresa, fiquei sabendo que “coordenador de demonstrações”, eram garotos que se reuniam em grupos depois da aula(bando de cinqüenta) e saíam apedrejando os israelenses. Me senti inferior por não conseguir me emocionar, não ser capaz de me ‘reconhecer’ como ela se reconhecera...”Talvez seja a necessidade da existência prévia de acolhimento ao que somos, como somos e ao que pensamos, o fermento da vida.” Mas porque cravar abismos entre nós, era a pergunta que me vinha.
Mas eu tinha o que chamava ‘muro lá dentro’, antes do rosto, que dificultava a lágrima escapar. Aos 13 anos eu era assim.Sem sábados comuns, sem Natais normais.
Esse ano preciso de um Natal diferente. E na virada de ano, desejar o que todos desejam... Paz!

Um comentário:

  1. O texto acima a que me referia era (é) esse! Bendita mente que atua, bendita amiga que é amor...e isso me basta!

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