sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento Encaixa palavra por palavra,
tornei-me perito em extrair faíscas das britas e leite das pedras
Acordo
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo
Acordo
O prédio, pedra e cal, esvoaça Como um leve papel solto à mercê do vento
e evola-se de cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz desconstruído
como se nunca houvero sido
Acordo !
Os olhos chumbados pelo mingau das almas e os ouvidos moucos
Assim é que saio dos sucessivos sonos
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros sumidos no sorvedouro
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
do topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação devia afundar no sono
Nem dormir deveras
Pois a questão chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?"

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